Gastos com bens de capital caem nos EUA
Os gastos de capital da Caterpillar caíram de US$ 1,39
bilhão no primeiro semestre de 2013 para US$ 710 milhões no mesmo
período deste ano.
Bloomberg
Os equipamentos usados por muitos
fabricantes nos Estados Unidos estão se deteriorando. Mesmo com
indicadores econômicos em alta, os gastos internos com bens de capital
têm se mantido anêmicos pelos padrões históricos, principalmente na
manufatura.
Em contraste, as empresas
americanas vêm gastando muito em aquisições e recompra de ações. Essa
opção pode prejudicar os seus esforços para concorrer mais eficazmente
com as empresas estrangeiras nos próximos anos.
A
idade média dos equipamentos industriais nos EUA subiu para mais de dez
anos, a maior desde 1938, informaram economistas do banco
Morgan Stanley
num relatório recente.
O
crescimento de todos os tipos de gastos de capital feitos pelas empresas
americanas foi de apenas 3% no ano passado, bem abaixo da média de
longo prazo de mais de 8%, segundo o Morgan Stanley. O banco prevê
apenas melhoras modestas: 3,8% de crescimento este ano e 5,3% em 2015.
Quando
se trata de aquisições, as empresas americanas ficam ansiosas para
assinar cheques polpudos. As empresas industriais sediadas nos EUA
gastaram US$ 80,7 bilhões em aquisições primeiro semestre, valor que no
mesmo período do ano passado foi de US$ 69,5 bilhões. Foi o nível mais
alto nível desde os dias vertiginosos de 1999, de acordo com a firma de
pesquisa Dealogic.
Os equipamentos
industriais podem ser menos atrativos que as aquisições. A Associação de
Tecnologia da Manufatura informou que, no primeiro semestre, as
encomendas nos EUA de máquinas, ferramentas e outros equipamentos usados
para moldar metais e transformar outras matérias-primas em produtos
caíram 2,7% ante um ano antes. Pat McGibbon, um vice-presidente da
associação, cita a incerteza quanto às taxas de juros, a situação
econômica e os impostos.
Uma grande
incógnita é se o Congresso vai reeditar o chamado bônus de depreciação,
que permite às empresas amortizar os novos equipamentos mais
rapidamente, reduzindo seus impostos e tornando os gastos de capital
mais tentadores.
Outro fator pode ser
que nos últimos anos as multinacionais vêm concentrando grande parte dos
seus investimentos em regiões de rápido crescimento na Ásia e na
América Latina, não nos EUA e Europa.
Alguns grandes fabricantes estão reduzindo os gastos de capital este ano. Por exemplo, as despesas de capital da
Caterpillar Inc.
foram de US$ 710 milhões no primeiro semestre, caindo de US$ 1,39
bilhão um ano antes. O diretor-presidente Doug Oberhelman disse a
analistas em julho que a Caterpillar investiu muito nos últimos anos e
"então estamos em muito boa condição com tudo isso". Em paralelo, a
empresa está ampliando a recompra de ações.
As
agitações no Oriente Médio, na Ucrânia e em outros lugares podem deixar
algumas empresas ainda mais hesitantes em investir em equipamentos.
David Farr, diretor-presidente da
Emerson Electric Co.
, disse a analistas no início de agosto que o nervosismo estava
prejudicando as vendas dos produtos da sua empresa, que incluem
equipamentos para automação industrial. "As situações geopolíticas são
provavelmente algumas das piores que eu já vi", disse Farr. "O mundo
está falando sobre coisas negativas."
Apesar
dos pontos negativos, Daniel Meckstroth, economista-chefe da Aliança de
Fabricantes para a Produtividade e a Inovação, uma organização
americana de pesquisa, espera uma retomada nos gastos de capital. Por um
lado, diz ele, os equipamentos antigos podem ser consertados apenas por
certo tempo antes de precisarem ser substituídos. "Nós adiamos os
investimentos por tanto tempo que isso tem que ocorrer." Por outro lado,
muitos diretores-presidentes que estão fazendo essas aquisições vão
constatar que precisam fazer investimentos de capital que os
proprietários anteriores adiaram.
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