Por: Fabio Vizeu
Francis Kanashiro Meneghetti
Rene Eugenio Seifert
O objetivo deste texto é ensaiar uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável, por meio da articulação de argumentos para se confrontar a visão aparente desse conceito, vislumbrando sua essência ideológica que, de forma nada ingênua, cria uma falsa noção de conciliação entre o capitalismo e a questão ecológica. Para se alcançar esse objetivo, busca-se, na perspectiva Frankfurtiana, a base metodológica para ensaiar esta crítica. Apresentam-se, dessa forma, os fundamentos da contradição do conceito de desenvolvimento sustentável sob a ótica da lógica interna do capitalismo, demonstrando a impossibilidade de conciliação entre uma suposta prática ecologicamente viável com os objetivos desse sistema.
Faça o download AQUI.
Por uma crítica ao conceito de desenvolvimento sustentável
Ruth de Aquino - Revista Época
Rosemary, Rose, Rosa

O assunto começou a me dar asco. Creio que muitas mulheres já se viram em situação parecida. Foi promovida? É porque deu para o chefe. Viajaram juntos, foram para o mesmo hotel? É claro que transaram.
Inicialmente, nenhuma reportagem deixou claro que os dois teriam uma relação amorosa ou sexual. Mas todos os eufemismos foram usados. Rose é “amiga íntima” de Lula. Dona Marisa Letícia “não gosta de Rose”. Rose chama Lula de “tio”. Lula chama Rose de “Rosa”. Pedidos de Rosa para ajeitar a vida da filha e do ex-marido eram como ordens. Rose “rodou o mundo” com Lula. A Polícia Federal “gravou 122 ligações pessoais entre Rose e Lula”.
Não me interessa saber se o PR – sigla usada por Rosemary para tratar do então presidente em e-mails – e sua ex-chefe de gabinete em São Paulo trocavam carinhos. Se havia um caso consensual entre dois adultos, isso interessa apenas à ex-primeira-dama. A julgar pela ausência de Dona Marisa em evento do Calendário Pirelli, no Rio de Janeiro, onde Lula se aboletou sobre o decote de Sophia Loren, ele não escapará da CPI doméstica.
O importante para todos nós é que Rosemary, falastrona, não só pedia favores pessoais em nome de Lula. Para obter o que queria, ela se identificava como sua “namorada”. Se for verdade, e ela usou o sexo ou o amor como trampolim para defender interesses privados, isso é imoral, ilegal, irregular. Mulheres assim prestam um desserviço à categoria. E Lula, até que ponto ele permitiu que sua intimidade contaminasse suas decisões como líder político? Não é imoral apaixonar-se. Mas um presidente não pode misturar vida privada e pública, sob pena de, nas suas próprias palavras, “ser apunhalado pelas costas”. Dilma não gostou.
Esquecendo o lado picante – já que Rose não é nenhuma Mônica Veloso e nem com plástica seria convidada a posar nua –, os maiores estragos morais vêm do abominável “pequeno poder” de nossa República. Instalado por um governo queprometia ética, ética, ética. As revelações diárias da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, sobre as tramoias dos personagens envolvidos com o escritório da Presidência da República em São Paulo chocam, de certa maneira, até mais que o mensalão, um escândalo da alta política.
A Porto Seguro mostra a teia da baixa política. Um dos fios podres é a desmoralização de agências reguladoras. Com a indicação de Rose e a cumplicidade do senador “incomum” José Sarney, o Congresso aprovou raposas para regular os galinheiros. Foi o caso de Paulo Vieira, cuja incompetência técnica para dirigir a Agência Nacional de Águas (ANA) tinha sido atestada por especialistas.
Paulo chamou alguém do mesmo sangue, Rubens, para dirigir a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Os irmãos Vieira são acusados de coordenar um esquema de pareceres irregulares que favorecem amigos, senadores e parentes. Diplomas falsos, avaliações de faculdades no MEC, cargos apadrinhados em autarquias do governo, construções de portos e mansões particulares em ilhas de cabras e bagres. Violando regras e procedimentos. Rose e Paulo, amigos há dez anos, planejavam abrir um curso de inglês em São José dos Campos, Red Balloon (ou Balão Vermelho). É uma história muito brega, se não fosse perigosa.
Lula agora precisa explicar direitinho quem o apunhalou. Nunca antes na história um presidente foi tão traído. Duvido que fale antes da viagem de duas semanas que fará, a partir desta sexta-feira, para Paris, Berlim, Doha e Barcelona.
Há outra pergunta que não sai da minha cabeça. Qual foi o motivo da demissão fulminante de Rose?
1) um ato de coragem e retidão de Dilma por não compactuar com a corrupção?
2) um ato de irritação com uma personagem de cujo caráter Dilma suspeitava havia anos, tendo alertado Lula em vão?
3) uma manobra para evitar que Rose deponha no Congresso (governistas se opõem a sua convocação alegando que ela já foi demitida)?
Se a afobada Rose diz que não fez nada “imoral, ilegal ou irregular”, vamos dar a ela a chance de se defender. Não?
SECULO DA ADMINISTRAÇÃO
Walter Kiechel chama de o Século da Administração. Kiechel, um grande
estudioso do tema, mostra como a ciência da gestão, apesar de suas
falhas e limitações, vem evoluindo ao longo de mais de cem anos tanto
para dar forma ao mundo no qual trabalhamos como para gerar
prosperidade.
Material publicado na revista Harvard Business Review de nov/12.
Faça o download na integra aqui:
Artigo
Imagens
Reportagem sobre a remuneração
Clique AQUI e faça o download da reportagem publicada na revista EXAME.
A crise atual do capitalismo
Link para download
CONTEÚDO E FORMA DA CRISE ATUAL DO CAPITALISMO:
LÓGICA, CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES
Marcelo Dias Carcanholo*
1- A Constituição do Capitalismo Contemporâneo
A manifestação contemporânea da crise do capitalismo nos permite resgatar ao menos dois pontos fundamentais para o entendimento deste tipo específico de sociabilidade. Em primeiro lugar, torna claro o caráter inerentemente cíclico do processo de acumulação de capital. Em segundo lugar, e em função da própria característica cíclica das crises no capitalismo, explicita a teoria marxista como
aquela que melhor entende esse funcionamento.
Artigo prof. Thomaz Wood Jr - Carta Capital
Neste artigo o prof. da EAESP-FGV faz uma abordagem da administração de empresas.
Clique aqui e leia o artigo.
Palestra prof. Cabrera
Clique aqui.
PALESTRA NA UNIP
Na última 4a. feira, o Sr Robert Wilson, diretor geral do EADI Aurora apresentou uma brilhante palestra aos alunos da UNIP Cancioneiro.
O auditorio estava lotado, o público compartilhou a experiência e conceitos apresentados pelo palestrante.
Para contatar o Sr Robert e apresentar as suas dúvidas, escreva para o email: robert@posgrad.net
GERAÇÃO Y (?)
Não é bem assim
Começou, então, uma corrida das empresas para se moldar a esse público, mudando formas de atrair, recrutar, reter e de se relacionar, e houve uma explosão de receitas de como entender esse novo público. Do outro lado, rotulada, essa geração, que muitas vezes nem sequer sabia que se chama Y, começou a forçar o estereótipo para não decepcionar o discurso corporativo. E aí a confusão foi instalada. Afinal ao estudar um pouquinho mais o assunto, alguns já começaram a notar que não existe de fato um grupo tão diferente assim. Existe apenas um grupo de jovens profissionais vivendo num mundo diferente. “Não é negar que há diferenças, mas não se pode justificar isso com base apenas na idade”, diz o professor Renato Guimarães, da Fundação Getulio Vargas de são Paulo (FGV).
Veja a seguir o que realmente essa geração traz de novo e o que não passa de mito ou, simplesmente, características atribuídas a uma fase de vida ou a um momento favorável da economia brasileira.
Ansiosos, apressados e ambiciosos. E você, já não foi assim?
“Quando eu era trainee, também queria subir rápido na carreira e tinha um discurso ambicioso”, diz Guilherme Rhinow, diretor de desenvolvimento humano e organizacional da Votorantim Cimentos, hoje com 42 anos. Sua afirmação levanta a dúvida sobre a principal característica dada a essa geração. Afinal, ter pressa e querer subir na carreira é desejo dos chamados Y, ou um traço comum dos jovens, independentemente da época em que eles viveram? “Se você pesquisar uma revista Fortune de 1979, vai encontrar todas essas características no jovem profissional da época, mas ele era chamado de baby boomer”, diz Alexandre Santille, sócio da consultoria LAB SSJ. Segundo Maira Habimorad, sócia do Grupo DMRH, a diferença entre a pressa do jovem da década passada e a do pessoal de hoje está na fala, e não no ideal. “O que talvez os jovens de hoje façam com mais frequência, ou mais abertamente, é exigir esse crescimento”, diz Maira. “A vontade de crescer rápido pode ser igual à dos demais profissionais, mas os jovens deixam isso claro para quem tem de saber isso, algo que em outras épocas ficava velado.”
Infiéis que querem estabilidade?
A reclamação vem de muitos gestores de RH: “Esses jovens não são comprometidos com a empresa”. Em parte, a afirmação é verídica. Só em parte. Porque não se trata de jovens que não param na companhia, mas de profissionais brasileiros de uma forma geral. Afinal, o mercado nunca esteve tão aquecido, o que gera rotatividade maior de pessoas, e isso não tem a ver com idade. Dizer, portanto, que a nova geração é infiel é bancar uma generalização sem conceitos. “Outro dia uma aluna me disse que queria ficar muito tempo na empresa mas tinha vergonha de falar isso”, conta Renato Guimarães, da FGV. A realidade é que os jovens querem, sim, ficar no emprego por um longo tempo, desde que, claro, sejam oferecidos “projetos nos quais aprendam e agreguem”, ressalta Maira. O que faz sentido para qualquer pessoa.
Para Guilherme Rhinow, o que faz esse jovem sair é trabalhar ao lado de gestores medíocres. “Numa economia aquecida, é mais fácil ainda se desligar”, diz. De acordo com a última pesquisa Empresa dos Sonhos dos Jovens, da Cia. de Talentos, que faz parte do Grupo DMRH, 41% dos jovens esperam trabalhar mais de 20 anos na mesma organização (desde que seja a empresa de seus sonhos). Em segundo lugar no ranking da pesquisa – atrás do Google – está a Petrobras, um símbolo de estabilidade. Resultado que combina com a realidade do país, que registrou um aumento de 15% em 2011 na procura por concursos públicos Não dá para tachar esse público, que busca estabilidade e segurança, de infiel, certo?
Desprezo pela hierarquia (ou, simplesmente, desapego)
Aqui há quase um consenso. Esse jovem, sim, tem uma relação diferente com seus chefes das dos jovens de outras épocas. Mas que fique claro: há um desapego a relações de hierarquia (e não desrespeito). “Isso começou com a mudança da estrutura familiar, que assistiu à entrada da mulher no mercado de trabalho e à ausência maior dos pais em casa”, diz Alexandre Santille, da LAB SSJ. “Os pais, antes chamados de ‘senhor e senhora’, passaram a ser amigos dos filhos, que levam esse ensinamento para o trabalho.” Santille ainda reforça que parte desse comportamento é aderido e, muitas vezes, valorizado pelas organizações de uma forma geral. Hoje, há menos divisórias nos escritórios, o cargo saiu do crachá, o chefe virou líder e até a roupa de trabalho é mais informal.
Virtuais x presenciais
Não há como negar que a Geração Y nasceu num contexto tecnológico bem mais avançado que o de gerações passadas. Obviamente, isso impacta na sua relação não só com o trabalho, mas com a vida. Para Santille, a facilidade de se obter conhecimento, a rapidez das informações e as redes sociais afetam mais a Geração Y do que os mais velhos. “Isso faz com que tenhamos jovens com conhecimento mais abrangente, porém, menos profundo”, afirma. “O jovem, em geral, se satisfaz rápido com a informação superficial, conquistada facilmente.” É exagerada, no entanto, a visão de que esse público só sabe se comunicar por mensagens eletrônicas e tem o computador como melhor amigo. “Essa geração é mais tecnológica, mas isso não significa que não compreenda ou se comunique de outras formas”, diz Maira.
Sombra, suor e água fresca
A ideia de que somente os jovens de hoje é que buscam mais tempo para a vida pessoal também é distorcida. “Se fosse assim, não teríamos um jovem trabalhando em banco de investimento”, diz Renato Guimarães. O consultor Alexandre Santille acredita que esse é um desejo que o jovem sempre teve, não importa a época em que viveu, até encarar o mercado de trabalho. “O jovem sempre buscou qualidade de vida. O que mudou é que agora ele se sente à vontade para falar isso. Antes pegava mal.” Para Maira, da Cia. de Talentos, a diferença não está apenas em ser mais aberto no discurso, mas num mundo diferente, que provoca reflexões diversas. “Talvez a qualidade de vida tenha um peso maior para esse público porque no passado existia uma separação clara entre trabalho e lazer”, diz. “Claro que as pessoas trabalhavam até tarde, mas uma vez que saíam do escritório, não tinham como acessar o que ficou lá.”
A experiência de Maira com jovens mostra que essa geração está bem consciente de que no mundo de hoje não é possível trabalhar pouco e ganhar muito e que qualidade de vida não significa deixar de trabalhar à noite ou no fim de semana. “Esse grupo quer perceber que existe uma troca e flexibilidade por parte da empresa.” E quem não quer?
Fonte: Você RH
Daniela Diniz
RESENHA: Ideologia: uma breve história do conceito
Estudos Avançados
Estud. av. vol.26 no.75 São Paulo maio/ago. 2012
Ideologia: uma breve história do conceito
Marcus V. Mazzari
Professor de Teoria Literária e Literatura Comparada na USP, tradutor e também autor, entre outros, de Labirintos da aprendizagem – Pacto fáustico, romance de formação e outros temas de literatura comparada (Editora 34, 2010). Elaborou os prefácios, comentários e notas aos volumes Fausto I (Editora 34, 2004 – edição revisada e ampliada: 2010) e Fausto II, de Goethe (Editora 34, 2007), em tradução de Jenny Klabin Segall. @ – mazzari@usp.br
Com a publicação em 2010 do volume Ideologia e contraideologia, Alfredo Bosi se lança a um considerável desafio, o qual pode ser sintetizado na metáfora do "nó ideológico". Essa imagem se explicita no título do último ensaio, que busca desenovelar os vários fios envolvidos na trama ideológica vislumbrada na obra ficcional de Machado de Assis (em especial, nas Memórias póstumas de Brás Cubas). Mas, para enfrentar tal tarefa, é necessário antes abrir clareiras no tremedal teórico que envolve o conceito de "ideologia" e, para isso, Bosi percorre um longo itinerário, que vai às raízes da filosofia ocidental. Pois se a palavra idéologie foi cunhada em 1796 pelo pensador sensista Destutt de Tracy, a pré-história desse conceito pode ser sondada já na oposição, articulada por Platão, à atividade dos sofistas, "primeiros profissionais da retórica e do mercado ideológico que a história da filosofia registra". É claro que esse percurso pela intrincada trajetória do conceito "ideologia" não é realizado apenas em função da obra machadiana, pois na verdade todo o livro constitui um extraordinário esforço de elucidar alguns dos fios que o pensamento ocidental urdiu em "nó ideológico"; mas, chegando o leitor ao último ensaio, vários pressupostos da argumentação crítica lhe estarão suficientemente claros, refiram-se eles a concepções de Karl Mannheim, Marx e Engels, dos moralistas, ou ainda a particularidades da história do liberalismo na Europa, nos Estados Unidos e, sobretudo, no Brasil.

Impressiona, em primeiro lugar, a profusão de teóricos visitados ao longo dos 25 ensaios do livro. Em seu primeiro bloco (transpondo-se o portal de entrada "socrático-platônico") estão Francis Bacon, cuja doutrina dos "ídolos" avulta como um marco inicial na reflexão moderna sobre ideologia, assim como Montaigne e Thomas Morus. Alfredo Bosi passa em revista vários outros nomes envolvidos nos embates ideológicos dos primeiros tempos da Era Moderna, enfocando na sequência as Luzes, o período pós-revolucionário, e assim sucessivamente, até chegar a Habermas e outros contemporâneos. Contudo, a linearidade da cronologia é complexificada à medida que se criam vasos comunicantes entre os ensaios, o que dá grande vivacidade ao conjunto. Desse modo, o esboço utópico de Morus retorna, acompanhado de comentários de Horkheimer, num momento posterior do livro, que destaca as circunstâncias históricas propiciadoras do advento das utopias renascentistas, sobretudo a miséria dos camponeses ingleses e italianos, que Morus e Tommaso Campanella atribuíram à ausência de limites para a propriedade privada.
Na impossibilidade de se deter aqui sobre cada um dos teóricos comentados, valeria ressaltar alguns momentos do amplo panorama construído pelo autor, como os capítulos dedicados ao pensamento de Rousseau, resistente às "máximas" ideológicas de seu tempo, ou de Montesquieu, que deu ênfase às ideias de "condição" e "relação" para a compreensão do "Espírito das Leis". Em outro capítulo particularmente denso, sintetizam-se linhas de força do pensamento de Vico, Condorcet e Hegel sob o prisma de três figuras: o ciclo dos fluxos (corsi) e refluxos (recorsi) na filosofia da história viquiana; a linha reta do "perfectibilismo" (termo que remonta ao Discurso sobre a desigualdade de Rousseau) no teórico do progresso Condorcet; e, ainda, a espiral dialética delineada por Hegel, espécie de linha ascendente que, voltando sobre si mesma para cumprir o seu percurso, só avança "depois de ter-se curvado, compondo uma figura que é ascendente na direção geral e, por um breve momento, parece fechar-se no seu movimento interno". Também a teoria política de John Locke é minuciosamente reconstituída por Bosi, que aponta, já nesse manancial do liberalismo inglês, a "conjugação de retórica universalizante e interesses particulares", pois afinal o teórico da tolerância teria sido ao mesmo tempo acionista da Royal African Company, e em seu esboço social a escravidão estaria legitimada enquanto "um ato de força tornado legal (a lawful conqueror) e reconhecido como pacto imemorial". Não por acaso, o segmento sobre Locke figura na segunda parte do livro, voltada às intersecções ideológicas entre Brasil e Ocidente, em cujo contexto levanta-se uma das teses centrais do livro, que ressurge no ensaio sobre Machado sustentando que o liberalismo excludente não representa uma excrescência brasileira, deslocamento aberrante de ideias europeias para o nosso contexto, mas antes "um complexo de medidas econômicas e políticas efetivas que regeram todo o Ocidente atlântico desde o período napoleônico e a Restauração monárquica francesa".
Essa observação ajuda a elucidar o desenho geral do livro: vários pontos desenvolvidos na primeira parte, que percorre momentos cruciais do pensamento ocidental, retornam na segunda, que se debruça mais especificamente sobre aspectos da história brasileira, em particular liberalismo, escravidão e luta abolicionista, ou ainda projetos trabalhistas, sobretudo sob o governo de Getulio Vargas, cuja análise se desenvolve perante o pano de fundo do Welfare State inglês e do État-Providence. O fio que alinhava esses 25 ensaios é explicitamente o conceito de ideologia, que Bosi opera em suas duas acepções, designadas por Norberto Bobbio como sentido forte e fraco. O primeiro caracteriza-se por uma dimensão por assim dizer metonímica, já que busca conferir camuflagem universal a interesses particulares, e remonta, sobretudo, à Ideologia alemã, em que Marx e Engels definem ideologia como "falsa consciência" – também como inversão da objetividade histórica, conforme se formula nessa célebre passagem: "Se no todo da ideologia os homens e suas relações aparecerem de ponta-cabeça, como numa camera obscura, então esse fenômeno resulta do seu processo histórico de vida, do mesmo modo como a inversão dos objetos na retina resulta do imediato processo físico de vida".
Mas se o estudo de Bosi abre amplo espaço a essa obra de Marx e Engels que inaugurou nova fase na crítica ideológica, ele não dispensa menor atenção à outra acepção do termo "ideologia", na qual o qualificativo "fraco" se deve apenas à sua dimensão não valorativa, que faz jus ao sentido etimológico de "doutrina de ideias". Esse significado mais flexível, como também se pode entender o adjetivo "fraco", é tributário da sociologia do saber (Wissenssoziologie) e terá recebido sua elaboração mais consistente na obra de Karl Mannheim Ideologia e utopia (1929), que consequentemente ocupa posição de relevo na argumentação crítica de Alfredo Bosi. Nessa perspectiva, ideologia equivaleria de certo modo à "visão de mundo", ultrapassando o significado mais restrito de "falsa consciência", o que já se prefigura, como lembra o excelente "interlúdio weberiano", na opção de Max Weber pelo termo "ética" (e não ideologia) protestante.
Acolhendo a hipótese habermasiana de uma relação emancipadora entre "conhecimento e interesse", pode-se dizer que uma das motivações que imantam o esforço teórico desenvolvido nesse livro é o desejo de adensar a resistência ao "liberalismo econômico puro e duro", que recrudesceu consideravelmente nas últimas décadas do século XX. Seria legítimo dizer, portanto, que se trata de um projeto "contraideológico", e sua contribuição entre nós se fará sentir tanto nos estudos sociológicos como literários (por exemplo, na árdua tarefa de destrinçar "nós ideológicos" em obras do porte das Memórias póstumas). Entende-se daí a relevância que o autor dispensa ao pensamento – e, mais ainda, à práxis – de figuras como Gramsci e Simone Weil, aproximadas justamente numa chave de resistência. Pelo lado brasileiro, a empatia de Bosi faz avultar Joaquim Nabuco e Celso Furtado, aos quais são dedicados dois dos mais belos ensaios. Como perceberá o leitor, nesse livro que abrange tão vasto material teórico e histórico, a clareza da exposição encontra-se intimamente conjugada com a atenção ao fato concreto (a verità effettuale della cosa encarecida por Maquiavel) e a tendência a sempre historicizar concepções e ações das figuras enfocadas, conforme se mostra exemplarmente em relação a nomes como Perdigão Malheiro e Tavares Bastos, já antes enaltecidos por Nabuco.
É claro que, em face de um trabalho de tão amplo espectro, pode-se apontar para uma ou outra lacuna, fazer essa ou aquela ressalva etc. Um possível exemplo: Ernst Bloch é mobilizado, ao lado de Walter Benjamin, na argumentação – aliás, plenamente legítima – que procura mostrar o lado "desalienante" da religião; contudo, essa tarefa seria mais dificultosa se fosse considerado (pois também contraideologias e utopias não estão isentas de contradições) que Bloch, o filósofo do "princípio-esperança" e do "ainda não", foi um dos mais veementes defensores do estalinismo. E já que os dois últimos ensaios da primeira parte são dedicados ao "projeto fáustico" e ao Fausto de Goethe, seria cabível uma referência a Oswald Spengler, que em sua obra de inspiração nietzschiana A decadência do Ocidente caracterizou pioneiramente o homem ocidental, em sua incansável aspiração por transformar o mundo e expandir fronteiras, como "fáustico", contrapondo-o ao homem "apolíneo" da Antiguidade, voltado tão somente ao presente e, assim, alheio à dimensão do passado e do futuro. Mas semelhantes objeções ou eventuais lacunas que se possam verificar nessa incursão de Alfredo Bosi pela espinhosa história do conceito de ideologia serão afinal irrelevantes diante dos seus inúmeros méritos, entre os quais está o de aguçar a percepção do leitor para aquilo que Paul Ricouer chamou de "clausura ideológica" (clôture idéologique).
Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo
O proletariado, a esperança e o sonho de uma vida boa
SOCHACZEWSKI, Suzanna. . Estud. av. [online].
2012,
vol.26, n.75, pp. 281-288.
ISSN 0103-4014.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142012000200019.
O
texto discute o conteúdo da esperança da classe trabalhadora no Brasil
de nossos dias, considerando as lutas do movimento sindical por melhores
condições de trabalho e remuneração e o papel da produção de
conhecimento próprio nesse processo. Essa discussão tem como ponto de
referência principal o sonho proletário de uma vida boa e a
responsabilidade da atual geração de dirigentes sindicais na formação de
jovens trabalhadores no sentido da construção de uma utopia para a
transformação da sociedade.
Download here.
Inclusão, democracia e novo-desenvolvimentismo : um balanço histórico.
CEPEDA, Vera Alves. Estud. av. [online].
2012,
vol.26, n.75, pp. 77-90.
ISSN 0103-4014.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142012000200006.
Este
trabalho analisa o processo do desenvolvimentismo brasileiro
compreendido entre a fase clássica dos anos 1950 até a perspectiva atual
do novo-desenvolvimentismo, privilegiando o papel e a função
desempenhadas pelo tema da democracia e da inclusão distributiva em cada
arranjo. Na primeira seção, analisa-se a constelação semântica que
envolve os termos progresso e desenvolvimento, procurando separá-los do
processo/projeto denominado desenvolvimentismo. Na segunda seção,
discutem-se as fases e características centrais do velho e do
novo-desenvolvimentismo brasileiro e a perspectiva de sua subdivisão em
três ondas históricas, separadas pelo aspecto político democrático e
pelo tema da redistribuição. Por último, apresentam-se algumas
considerações sobre o novo-desenvolvimentismo em seu arranjo
democrático-inclusivo.
Download aqui.
A procura de trabalho: uma boa janela para mirarmos as transformações recentes no mercado de trabalho?
Mercado, transação e laços sociais: a abordagem da Sociologia Econômica.
Pós-modernidade nos estudos organizacionais: equívocos, antagonismos e dilemas.
Diferentes teorias marxistas de crise e diferentes interpretações da crise atual.
Desafios e condicionantes da participação social na gestão ambiental municipal no Brasil
Análise do processo de adaptação estratégica de uma empresa produtora de cachaça à luz da Teoria Institucional e da Visão Baseada em Recursos.
Executivos jovens e seniores no topo da carreira: conflitos e complementaridades.
Análise da competitividade das exportações brasileiras de minério de ferro, de 2000 a 2008.
Faça o download do artigo aqui.
Seymour Martin Lipset - Alguns requisitos sociais da democracia: desenvolvimento econômico e legitimidade política
De: Carolina Requena, Marcelo Henrique P. Marques
O fim do fim do trabalho: uma crítica à chamada sociedade pós-industrial e sua relação com os movimentos de trabalhadores
Artigo de: Gabriel Gomes Lourenço
A dimensão do trabalho e os trabalhadores enquanto classe social foram
objeto de preocupação nuclear em boa parte da história da sociologia, a
começar pelos três autores clássicos – Karl Marx, Émile Durkheim e Max
Weber –, passando por outros nomes, como Harry Braverman e Manuel
Castells. Nos últimos quarenta anos, o trabalho, enquanto atividade
fundamental na constituição de relações sociais (não apenas daquelas
diretamente relacionadas à produção material), tem sido fortemente
questionado, devido tanto a reconfigurações nas formas de trabalho
quanto a alterações na formação da identidade dos trabalhadores enquanto
grupo social específico. Porém, mesmo que minoritário, há um setor da
academia que faz a crítica desse suposto fim da centralidade do
trabalho. Este artigo sumariza o que há de central nos propositores do
conceito de sociedade pós-industrial, e posteriormente, levanta
argumentos contra essas teses que anunciam o fim da centralidade do
trabalho. A defesa aqui é de que não há necessidade de buscar novas
hipóteses a respeito do fim da centralidade do trabalho, mas sim de
iniciar um movimento para entender, a partir do reconhecimento da
permanência de tal centralidade, como a subjetividade da classe
trabalhadora tem sido periodicamente conformada para que esta classe
negue tal centralidade.
Faça o download do artigo AQUI.
RAE: Vantagem Competitiva, Criação de valor e seus efeitos sobre o Desempenho
Clique AQUI para ler o artigo na integra.
Teoria da ação racional na competência de melhoria contínua: abordagem comportamental - Fonte RAE
Pessoas em situação de rua: a construção de um tema de pesquisa e o relato de uma experiência pessoal
Como escolher um tema de pesquisa diante de milhares de possibilidades?
De que maneira se inserir em um universo que não corresponde à realidade
do pesquisador? Quais as formas de lidar com as “crises” que surgem
durante o processo investigativo? A partir do relato da escolha de
cursar Jornalismo, a autora versa sobre esses questionamentos e explica
como um homem sem-teto foi o responsável pela ideia de seu Trabalho de
Conclusão de Curso - o videodocumentário “Droga de Rua” (UFMS, 2008) - e
a inspiração para o desenvolvimento da pesquisa de mestrado Ocas”e
Hecho en Buenos Aires: um outro tipo de jornalismo na América Latina?,
realizada através no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, 2012).
De: Suzana da Silva Rozendo
Clique AQUI para fazer o download do artigo.
Um cartel de cimento em ação, segundo a SDE
Aos alunos dos cursos de gestão estratégica, segue o arquivo de uma reportagem publicada no site: www.exame.com.br
Clique AQUI para download.
Debate sobre a Crise Internacional a partir do paradigma teórico marxista. FEA USP
Palestrante: Prof. Dr. Eleutério Prado (FEAUSP)
Debatedor: Prof. Jorge Grespan (História - FFLCH/USP)
De acordo com o prof. Eleutério a crise pode ser entendida através de duas explicações:
a) CRISE DE REALIZAÇÃO ==> Foco na Demanda
b) CRISE DE LUCRATIVIDADE ==> Aumento da composição orgânica do capital (Andrew Kliman)
Clique AQUI e baixe o artigo que foi a base do debate de hoje.
ERIC HOBSBAWM
marxismo21, em sua página inicial, presta uma homenagem a
ERIC HOBSBAWM. Além de um importante texto do pensador, o leitor terá acesso a
artigos de especialistas, brasileiros e do exterior, sobre o significado e a
relevância do historiador cuja morte ocorreu dias atrás. Outras interessante
matérias (entrevistas, artigos etc.) são inseridas na página.
Reconhecidos pela sua atenção ao blog, os editores agradecem a devida
divulgação desta informação a seus colegas, pois esta seria uma forma de também
render uma homenagem ao lúcido intelectual e militante socialista.
Editores de marxismo21:http://marxismo21.org
Programas de Trainees
Programas de trainee com inscrições abertas | |||
Empresa | Prazo para inscrição | Data da formatura | Cursos aceitos |
Itaú Unibanco | 2 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | 19 áreas, como administração, comunicação e engenharias |
Bayer | 2 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Várias |
Novo Nordisk | 2 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
Oxiteno | 3 de setembro | Julho de 2011 a dezembro de 2012 | Administração, economia, engenharia e química |
Foz do Brasil | 4 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários, principalmente engenharia |
Braskem | 4 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Qualquer curso, engenharias para o trainee industrial |
BRF | 5 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
Riachuelo | 9 de setembro | Dezembro de 2008 a dezembro de 2012 | Administração, Economia, Engenharia, Moda, Comunicações e áreas correlatas |
Nova Pontocom | 10 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Administração, ciências contábeis, ciências econômicas, direito, engenharia, comunicação social, TI, relações internacionais, matemática, estatística e física |
Ambev | 10 de setembro | Recém-formados ou no último ano da graduação | Vários |
Johnson & Johnson | 10 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários, de acordo com a área |
International Paper | 10 de setembro | Dezembro de 2010 a Dezembro de 2012 | Sem restrições para trainee normal, engenharia para Trainee Expert |
Danone | 13 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Não especificado |
Pirelli | 15 de setembro | No último ou penúltimo ano em 2013 | Vários |
Rodobens | 15 de setembro | 2009 a julho de 2012 | Administração de empresas, engenharias, ciências econômicas, contábeis e da computação, sistemas de informação e outras áreas afins |
VLI | 16 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários para trainee corporativo, apenas engenharia para programa na área |
CCR | 16 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
C&A | 17 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
Votorantim | 17 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Não especificado |
Gafisa | 17 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
Citi | 20 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
AES Brasil | 23 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
3M | 24 de setembro | Últimos três anos | Administração, economia, propaganda e marketing, psicologia, química e engenharias |
Cyrela | 24 de setembro | 2012 | Arquitetura, economia, administração de empresas e engenharias |
Cielo | 24 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Não definido |
Saint-Gobain | 24 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Vários |
Philip Morris | 28 de setembro | Dezembro 2008 a dezembro 2012 | Não definido |
BDO | 28 de setembro | A partir do 1° ano de faculdade ou recém-formado | Ciências contábeis, administração, economia, direito e TI |
Salinas | 30 de setembro | Junho de 2010 a julho de 2012 | Hotelaria, turismo, administração, ciências contábeis, economia ou engenharia |
GPS Planejamento Financeiro | 30 de setembro | Não-especificado | Administração de empresas, economia e engenharias |
Redecard | 30 de setembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Engenharia, administração de empresas, economia, marketing, comunicação social, publicidade e propaganda ou relações públicas |
Technip | 30 de setembro | dez/13 | Engenharia química, mecânica, materiais, civil, naval, elétrica, produção, meio ambiente e metalúrgica |
Brmalls | Fim de setembro | Dezembro 2010 a dezembro 2012 | Vários |
Racional Engenharia | 1º de outubro | Dezembro de 2009 a janeiro de 2013 | Engenharia Civil |
Programa integrado Heineken e Mars | 1º de outubro | Dezembro de 2009 a dezembro de 2012 | Não definido |
JSL | 30 de novembro | Dezembro de 2010 a dezembro de 2012 | Não definido |