ARTIGO QUE SUPORTOU A DISCUSSÃO DO TEXTO TAYLOR SUPERSTAR – AULA DO DIA 26/02/2009

Taylor é considerado o primeiro cientista da Administração. Seu método eminentemente empírico baseava-se
em incentivos econômicos, cálculo de tempos e movimentos. Segundo Tragtenberg (1980), eram pré-requisitos
para a aplicação do método de Taylor uma empresa com grande poder econômico e político, um sindicato
débil, ausência de legislação social e grande oferta de mão-de-obra. O método Taylor desconhecia a existência
de tensões entre personalidade e estrutura da organização.
Enfatizando os dois principais aspectos do método, Tragtenberg (1980) coloca em dúvida o aumento da
produtividade apresentado por Taylor, uma vez que “é difícil saber se ele se deve à nova técnica de trabalho ou
ao prêmio” (TRAGTENBERG, 1980, p. 77). Para o autor, a visão negativa do homem (preguiçosos,
infantilizados e com baixo nível de compreensão) e o desconhecimento da fadiga nervosa, em Taylor,
evidenciam o papel monocrático do administrador.
Tragtenberg (1980) analisa os esquemas de Taylor e Fayol e aponta a divisão mecânica do trabalho, a
impessoalização e o sistema burocrático, e a transposição de disciplinas militares:
[...] as pessoas se alienam nos papéis, estes no sistema burocrático. [...] A decisão burocrática é
absolutamente monocrática, havendo apenas um fluxo de comunicação. O empregado adota os mitos
da corporação, que constitui uma atribuição de status e ao mesmo tempo cria-se um jargão administrativo esotérico.  Motta (1986) apresenta o taylorismo de forma semelhante a Tragtenberg (1980). Dentre estas estão o contexto de crescimento industrial e acumulação do capital nos EUA e os fatores condicionantes à implantação do taylorismo nas indústrias norte-americanas. O autor se concentra nas implicações e no significado da divisão do trabalho, entre os que pensam e os que executam.
Na realidade, o taylorismo tem por função essencial passar, para a direção capitalista do processo de trabalho, os meios de se apropriar de todos os conhecimentos práticos, que, de fato, até então, eram
monopolizados pelo operário. (MOTTA, 1986, p. 62)
Destaca, também, o autor a presença de um ideal de formação humana em Taylor, um vínculo entre sua
administração científica e um estilo de vida.
Mais importante, na análise de Motta (1986), é a crença de Taylor na inexistência de um antagonismo entre
capital e trabalho. Para Taylor, “o sucesso da empresa é o sucesso do trabalhador” (MOTTA, 1986, p. 63).
Portanto, o desenvolvimento de uma das partes está diretamente vinculado à outra. A autoridade nada mais é do
que um imperativo técnico. Na realidade, toda a tecnologia que possibilitou a construção da sociedade industrial está a serviço de
uma forma específica de dominação econômica e política. É por essa razão que a construção de uma nova sociedade passa pelo desenvolvimento de tecnologias alternativas a partir da auto-organização social. (Motta, 1986, p. 64)
Para o autor, a separação do trabalho tem duas conseqüências: a separação do ambiente de trabalho em dois ambientes distintos (escritório e oficina); e a separação entre os funcionários em dois grupos sociais distintos (planejadores e executores), o que acaba gerando rivalidade. Estas duas conseqüências seriam o reflexo da
heteronomia que é inerente ao antagonismo capitalista. Para Motta (1986), este é o momento (separação do trabalho) em que tais antagonismos podem ser institucionalizados.
Apesar do efeito maléfico para o trabalhador, a separação do trabalho não provocou, em seu início, muitas reações, fato que pode ser explicado pela situação desfavorável no campo e o crescimento econômico industrial, que levaram as massas do meio rural em direção às fábricas. “(...) esses novos trabalhadores já conhecem o trabalho fabril degradado e o aceitam sem discussão” (MOTTA, 1986, p. 67).
O autor explica, em comparação ao ofício do artesão, os danos causados pelo trabalho fragmentado na indústria que substituiu aquele, e a importância do conhecimento aplicado ao trabalho, criticando o taylorismo.
As experiências de Taylor converteram-se num receituário de bem administrar, segundo o qual cabia a cada trabalhador seguir a regra ao pé da letra, a fim de receber o incentivo monetário relativo ao
aumento da produção.
A idéia de harmonia implicava,  na noção que tais práticas privilegiariam trabalhadores tanto quanto empregador. A ciência seria a grande responsável pelo fim do conflito industrial.
(MOTTA, 1986, p. 70)

Referências:

MOTTA, Fernando C. Prestes. Teoria das Organizações: evolução e critica. SP: Pioneira, 1986

TRAGTENBERG, Mauricio. Burocracia e ideologia. SP: Ática, 1980

Fonte: Fragmentos do artigo “Acerto de contas com a Administração: uma reflexão a partir de Tragtenberg, Motta e Guerreiro Ramos”, de Rafael K. Flores. Caderno EBAPE V5, no.4 Dez 2007.

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